4 tendências no radar das lideranças do Fórum Econômico Mundial
Anualmente, algumas das principais lideranças políticas e empresariais reúnem-se no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, para discutir os caminhos da economia.
Dessas conversas, surgem não só insights e parcerias para os que participam, mas também tendências norteadoras de negócios para quem acompanha o evento a distância.
Por isso, selecionamos 4 temas em alta no Fórum Econômico Mundial 2023, que você deve ficar de olho.
1. As próximas trincheiras serão virtuais
Se o cibercrime fosse um estado, ocuparia a terceira posição entre as maiores economias do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China, com um PIB de US$ 10,5 trilhões.
O dado faz parte de um relatório da empresa Cybersecurity Ventures e foi apresentado para ressaltar a urgência de que os países incluam a cibersegurança em suas estratégias de defesa.
Em 2022, a Albânia sofreu um ataque cibernético de hackers iranianos. Casos como esse e o ritmo acelerado de crescimento das ameaças cibernéticas vêm preocupando líderes de diversos países.
Segundo o levantamento Global Cybersecurity Outlook 2023, lançado durante o fórum, 86% das lideranças mundiais acreditam que a instabilidade geopolítica pode levar a um evento cibernético de grandes proporções nos próximos dois anos.
O estudo também aponta que 93% dos profissionais de cibersegurança, atuantes na área pública ou privada, têm a mesma opinião. Outro fator que contribui para essa preocupação é a guerra entre Rússia e Ucrânia, que aumentou consideravelmente o número de ataques cibernéticos.
2. Desglobalização
A ideia de que existe uma tendência mundial a reverter a globalização - ou seja, desglobalização - também esteve em alta entre as lideranças que circularam por Davos. Fragmentação esteve entre as palavras mais utilizadas durante o evento e, para os economistas, esse efeito pode trazer graves consequências.
O termo refere-se à ruptura do modelo de comércio e investimento livre e transfronteiriço que predominou nos últimos 30 anos. Acontecimentos como a pandemia de covid-19 contribuíram para que muitas economias recuassem e buscassem se proteger internamente.
Entre os episódios que reforçam esse movimento também estão a guerra na Ucrânia, as crescentes divisões políticas e disputas comerciais, que, muitas vezes, sinalizam para um retorno do isolamento das nações.
O recuo a modelos polarizados Leste-Oeste de comércio e produção preocupa devido à possibilidade de escassez matérias-primas e mão-de-obra, por exemplo. Além disso, a desglobalização também traria fortes impactos sobre as finanças e a supremacia do dólar americano.
Por outro lado, existe a crença de que o sistema econômico global está em transformação e só o tempo dirá como o futuro será.
3. Inteligência artificial generativa
A inteligência artificial generativa vem atraindo atenção e investimentos no Vale do Silício. E no Fórum Econômico Mundial, não foi diferente. O ChatGPT, um chatbot lançado em novembro pela startup OpenAI, esteve entre os assuntos mais comentados em Davos.
A ferramenta utiliza inteligência artificial generativa, uma tecnologia capaz de criar responder a perguntas e criar conteúdo em diversos formatos. Alimentada com grandes quantidades de dados, funciona em resposta a qualquer solicitação de um usuário humano, podendo produzir histórias, artigos e planos de negócios, por exemplo.
Com investimento de US$ 1 bilhão de dólares, a Microsoft é uma das empresas envolvidas no desenvolvimento do ChatGPT. Enquanto o fórum acontecia, a companhia anunciou que planeja comercializar o ChatGPT para clientes de computação em nuvem. Também informou que trabalha para adicionar o software de geração de imagens da OpenAI ao buscador Bing.
No mercado, já está em testes o uso da tecnologia como um programador júnior, além de aplicações com fins militares. As possibilidades são muitas e tudo indica que a inteligência artificial generativa marcará um ponto de virada na sociedade.
4. Transição verde
Temas relacionados à sustentabilidade também ditaram o tom das conversas em Davos, com destaque para a chamada transição verde.
Estima-se que a passagem para uma economia mais verde resultaria na perda de cerca de 6 milhões de empregos. O impacto ocorreria especialmente nas áreas de extração e refinaria de petróleo, mineração de carvão e produção de eletricidade a partir de combustíveis fósseis.
Em contrapartida, projeta-se que uma economia mais verde poderia criar 24 milhões de novos empregos em todo o mundo até 2030 se as políticas corretas fossem implementadas. Os números foram divulgados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Dessa forma, ao contrário do que muitos pensam, uma economia verde não levaria à deterioração econômica, mas sim a cenários promissores. Entre os setores aquecidos para adoção de práticas sustentáveis, está o de energia, com grande potencial de crescimento em mercados de veículos elétricos e eficiência energética de edifícios.
Mas, segundo especialistas, para que a transição verde ocorra da melhor forma, é preciso ir além da criação de políticas públicas. É necessário exigir o compromisso das empresas para alcançar a sustentabilidade ambiental em um nível global.