Economia comportamental e seus efeitos na tomada de decisão
Conheça o conceito de economia comportamental e entenda os fatores que influenciam as escolhas que movem a sociedade.
A tomada de decisão é um fator determinante para o futuro das organizações, do mercado e da sociedade. Mas será que escolhas tão importantes para o desenvolvimento econômico são realmente racionais? A partir de questionamentos como esse, surgiu a Economia Comportamental, um campo de estudo que busca entender o que está por trás das escolhas humanas.
Por muito tempo, pensadores enfatizaram a ideia da racionalidade. No entanto, estudos realizados por psicólogos cognitivos fortaleceram a teoria de que a maior parte das atitudes e decisões tomadas ao longo da vida está sob influência da subjetividade. Por conta disso, muitas vezes, essas escolhas estão sujeitas a inseguranças, indecisão e arrependimento.
Continue a leitura e compreenda mais sobre a origem da economia comportamental e os elementos que atuam no processo decisório.
O que é a economia comportamental?
A economia comportamental é um campo de pesquisa que associa conceitos econômicos a elementos da psicologia, neurociência e ciências sociais. A união dessas disciplinas ganhou força na área da pesquisa a partir dos anos 1950, quando estudiosos passaram a cruzar informações dessas áreas, com o objetivo de compreender mais a fundo como ocorriam as decisões econômicas.
Entre os anos 1970 e 1980, questões até então não explicadas pelas teorias econômicas tradicionais passaram a ser analisadas por teóricos como Richard Thaler, Daniel Kahneman e Amos Tversky. Com base nos estudos apresentados por eles e nas pesquisas comportamentais de Paul Slovic, sobre a percepção do indivíduo a respeito do risco, teve origem a economia comportamental.
A abordagem tradicional afirmava que, ao decidir, as pessoas buscavam satisfazer seus interesses da melhor forma. Já o modelo proposto pela economia comportamental reconhece que nem sempre o indivíduo será capaz de fazer as melhores escolhas racionalmente, pois esse processo sofre a influência de fatores psicológicos.
Mas, antes de abordarmos quais são eles, é importante entender um pouco mais sobre os sistemas de pensamento.
Sistema 1 e Sistema 2: as duas formas de pensar
A impulsividade e a racionalidade das ações humanas também serviram como ponto de partida de Kahneman para o livro “Thinking, Fast and Slow”, traduzido no Brasil como “Rápido e devagar: duas formas de pensar”. A obra, que se tornou best-seller, retoma a ideia de dois sistemas de pensamento, dos psicólogos Keith Stanovich e Richard West, para apresentar a teoria que lhe rendeu o prêmio Nobel de Economia em 2000.
De acordo com Kahneman, nossa mente funciona a partir de dois modelos de raciocínio: o Sistema 1, que age com super velocidade, quase sem controle consciente; e o Sistema 2, mais lento e complexo, que racionaliza a tomada de ação. Sendo o Sistema 1 responsável pelas escolhas imediatas, ele faz com que muitas decisões sejam tomadas de modo “impensado”, o que, segundo a teoria de Kahneman, contradiz o senso comum de que a Economia resultaria de uma série de decisões racionais.
Como a economia comportamental influencia a tomada de decisão?
Uma das principais contribuições da economia comportamental foi identificar os fatores que interferem no processo de tomada de decisão. Eles são chamados de vieses e heurísticas. Enquanto as heurísticas são regras mentais que facilitam a absorção e o processamento de conhecimento, os vieses cognitivos são desvios mentais da forma como deveríamos pensar.
Conheça alguns vieses e heurísticas:
Heurística da disponibilidade
Acontece quando as pessoas analisam a probabilidade de um evento ocorrer a partir de informações, exemplos ou casos recentes que surgem rapidamente às suas mentes.
Heurística da confirmação
Pode ser identificada como a tendência por buscar informações que comprovam um ponto de vista prévio e já estabelecido, desconsiderando dados que possam não compactuar com uma ideia preconcebida.
Prova social
Trata da influência do outro sobre o nosso comportamento. Ao ter informações sobre como os outros se comportam, as pessoas podem sentir-se mais conformadas em seguir o mesmo caminho. Ou seja, a prova social pode levar ao comportamento de manada.
Excesso de confiança
Ocorre quando a confiança do indivíduo sobre a sua própria habilidade é maior do que seu desempenho real.
Aversão à perda
Segundo estudos, psicologicamente, a dor da perda pode ser duas vezes mais impactante do que o sentimento de uma conquista. Por isso, as pessoas se tornam mais dispostas a correr riscos para evitar uma perda do que para obter um ganho.
Enquadramento (framing)
Caracteriza-se pela inclinação humana de ajustar decisões conforme o modo como o problema é apresentado, focando em determinado ângulo ou característica.
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