Médico, presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e professor visitante da Universidade de Harvard, Claudio Lottenberg foi o convidado da Aula ao Vivo FIA Online de novembro.

Durante o encontro, que reuniu alunos e convidados da instituição, ele abordou como a busca e implementação de inovação pode promover equidade em nossa sociedade. Além disso, compartilhou sua visão sobre as oportunidades do setor de saúde.

Atualmente, também preside o Instituto Coalizão Saúde, o Lide Saúde, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) e integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Federal.

Nas próximas linhas, reunimos alguns insights de sua apresentação. Boa leitura!

Setor de saúde tem desafios e oportunidades

Autor dos livros ‘A Saúde Brasileira Pode Dar Certo’, ‘Cidadania - A Tecnologia ao Serviço do Paciente e Não ao Contrário’ e coautor de ‘A Revolução Digital na Saúde’, Lottenberg iniciou apresentando um panorama do setor.

“Hoje, a saúde é responsável por 9% do PIB. Hoje, a saúde é responsável por cerca de 7 bilhões de empregos. Hoje, a saúde tem no Brasil uma dependência extrema de fornecimento de insumos de indústrias do exterior”, pontuou.

A evolução tecnológica e o aumento da expectativa de vida, entre outros fatores, segundo ele, sinalizam para a necessidade de investir no desenvolvimento do setor de forma certeira.

“Se voltarmos 3 anos, tínhamos uma pandemia e não tínhamos aqui recursos, não por falta de dinheiro, mas por falta de capital estratégico. (...) Existe uma fragilidade dentro do nosso País que precisa ser explorada.”

Citando alguns dos principais avanços, como imunobiológicos, o convidado mencionou que o setor passa constantemente pelo desafio de construir a solução e ter recursos para tratar pacientes.

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A importância da inovação para a equidade na área da saúde

Lottenberg lembrou que a saúde, quando desenhada no Marco Constitucional de 1988, trazia os pilares da integralidade, universalidade e equidade. “Então, se não criarmos acesso, não estamos integrando a saúde e, para poder criar acesso, ainda temos portas de entrada no sistema muito estranguladas.”

Atualmente, a saúde brasileira opera muito a partir de hospitais. “Os pacientes procuram o hospital porque têm certeza de que lá encontrarão um médico”, explicou.

Esse sistema pode gerar custos desnecessários. Uma alternativa para mudar esse cenário, na visão de Lottenberg, seria a disponibilidade de cabines de atendimento, onde o paciente seria avaliado por um médico a distância.

“Se não começarmos a ousar, a gente não vai inovar. A inovação tem um custo que não é só o do projeto, mas também o custo da tentativa e erro.” Claudio Lottemberg

Para ele, um dos principais desafios da equidade é selecionar melhor as portas de entrada, hoje pautadas pelo modelo hospitalocêntrico. Essa concentração da atuação médica em hospitais, segundo ele explica, faz com que as salas de espera muitas vezes estejam lotadas por pessoas que não precisariam estar ali.

“Sou um crítico ferrenho da formação médica. Precisamos formar profissionais que atendam a população naquilo que ela precisa e não naquilo que os hospitais precisam ou que as empresas de tecnologia queiram vender”, afirma.

Para melhorar esse contexto, ele acredita que os médicos precisam se desenvolver como líderes. “Nós precisamos de técnicos, mas a capacidade de decisão, a iniciativa, o empreender, a capacidade de inovar... isso depende de perfis de liderança”.

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