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Economia nacional à internacional na visão de Henrique Meirelles

Uma das vozes mais respeitadas na economia brasileira, Henrique Meirelles compartilhou sua visão estratégica sobre o cenário atual e suas oportunidades.

 

 

Executivo com uma longa trajetória na área financeira, ex-presidente do Banco Central e ministro da Fazenda, Henrique Meirelles analisou o cenário econômico atual, do âmbito nacional ao internacional, na edição de abril da Aula ao Vivo FIA Online.

 

Meirelles foi o presidente do Banco Central que ficou mais tempo no cargo (2003-2011). No poder público, também comandou o Ministério da Fazenda de 2016 a 2017. De 2019 a 2022, foi secretário de Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo.

 

Já no setor privado, trabalhou por 28 anos no BankBoston, sendo o único brasileiro a alcançar o posto de presidente mundial do banco na história. Ainda foi chairman do banco de investimentos Lazard Americas e senior advisor da gestora global KKR.

 

Fez parte dos conselhos de administração do Lloyds of London e da Azul Linhas Aéreas, além de outras empresas como a Raytheon Corporation, Bestfoods, Champion International, BankBoston Corporation e FleetBoston Financial.

 

Panorama mundial

 

Meirelles abriu sua apresentação trazendo um panorama da economia mundial, fragilizada pelos efeitos da pandemia de covid-19. Diante disso, lembrou que, sob o governo de John Biden, os Estados Unidos - maior economia do mundo - ainda se recuperam dos efeitos desse período e fazem isso promovendo a distribuição de recursos.

 

“Os Estados Unidos entraram em expansão fiscal muito grande e, na saída da pandemia, isso ocasionou um grande crescimento da demanda (pessoas com mais recursos para gastar). Ao mesmo tempo, há problemas de oferta, pois a pandemia criou um desequilíbrio nas cadeias de produção. A conjunção dessas duas coisas levou à alta da inflação americana, o que não é comum”, pontuou.

 

O que se vê hoje no país é, segundo Meirelles, algo interessante: “De um lado, há um aumento na demanda com pessoas comprando mais. De outro, empresas estão investindo menos e com poucos estoques. Isso pode ser um problema, porque não há sintonia das pessoas sobre o seu futuro e das empresas.”

 

Na Europa, muitos países apresentam taxas de inflação que, pouco tempo atrás, eram impensadas. Entre os episódios de destaque do continente, Meirelles menciona o Brexit, saída do Reino Unido da União Europeia.

 

“Londres era o centro financeiro da Europa. Com o Brexit, houve grande dificuldade em continuar sendo o centro financeiro, pois não era mais parte da comunidade. Achava-se que iria resgatar a grandeza do império inglês. Errou-se.” Agora, é Paris que desponta como novo centro financeiro europeu.

 

Quanto à China, que disputa com Estados Unidos o posto de maior potencial mundial, Meirelles lembrou decisões que influenciaram fortemente a economia. Na pandemia, o país decidiu pelo uso exclusivo de vacinas de produção chinesa.

 

“A Coronavac foi importante, porém, depois dela, vieram vacinas com capacidade de proteção muito maior. Mudou-se o discurso? Não, fez-se lockdown. E isso interferiu na cadeia de produção da china”, considerou.

 

América Latina

 

No âmbito latinoamericano, Meirelles frisou a situação da Argentina, onde a inflação já ultrapassa 100%. Na análise do ex-ministro, o problema do país é que o governo é insolvente em dólar, não em peso argentino, que apresenta mais flexibilidade no mercado.

 

“É aquilo que o Brasil viveu em 1998-99, mas a questão é que a Argentina não tem como pagar as obrigações externas em dólar. Tenta resolver o problema imprimindo dólares, pesos, expandindo a política monetária. E cria-se aquilo que nós, brasileiros, temos experiência, que é o mercado paralelo.” Na visão do executivo, a Argentina entrou em uma crise sem perspectiva de saída.

 

Em países como Peru e Colômbia, incertezas políticas e tensões sociais tornam o ambiente conturbado. Além destes, Chile, país que por décadas foi o mais estável da América Latina, agora também segue por um caminho de políticas populistas.

 

Brasil

 

Para Meirelles, ao analisar o cenário econômico, é importante ressaltar não só os problemas, mas também os acertos. Nesse sentido, recordou alguns momentos à frente do Banco Central, período que ficou marcado por controle da inflação, geração de empregos e crescimento.

 

O Brasil foi a nação que mais rápido saiu da crise de 2008, graças a uma série de ações implementadas pelo Banco Central, que fortaleceu a economia nacional. Já quando Meirelles assumiu o Ministério da Fazenda, em 2016, o país vivia uma de suas maiores recessões. “Era algo inédito para um país que não estava em guerra.”

 

Para conter o cenário, optou-se por forçar a execução de prioridades, adotando medidas como a limitação dos gastos públicos, a nova Lei das Estatais e a reforma trabalhista.

 

“Agora, o governo está tentando substituir o teto de gastos pelo arcabouço fiscal. O arcabouço fiscal é pró-cíclico, o que significa que, quando a economia está crescendo, pode-se gastar mais. Além disso, o governo aprovou uma PEC autorizando muitas despesas e isso está gerando insegurança e preocupações, especialmente com relação à inflação brasileira, que continua alta.”

 

Meirelles também destacou que o investimento em educação, como medida de resultado, vem caindo ao longo dos anos. E esse, segundo ele, é um fator fundamental para ampliar a produtividade do País, a geração de empregos e alcançar o crescimento econômico.

 

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