3 desafios para pensar o futuro do agronegócio
Confira os principais insights da Aula ao Vivo FIA Online, que reuniu personalidades renomadas como José Luiz Tejon, Ivan Wedekin e Decio Zylbersztajn
Gestão e liderança do agronegócio estiveram no centro da edição de março da Aula ao Vivo FIA Online. Com a proposta de aprofundar temas da atualidade a partir da visão de nomes de destaque no mercado, o encontro contou com o professor, jornalista e comentarista do setor José Luiz Tejon; o ex-secretário de política agrícola e membro do conselho de agronegócio da FIESP Ivan Wedekin; e o engenheiro agrônomo, PhD em Economia e professor Decio Zylbersztajn.
Sob a mediação da jornalista e editora do programa “A voz do mercado”, Suelen Farias, os convidados discutiram aspectos, como o futuro dos sistemas agrícolas de produção, sucessão familiar sob o impacto das novas tecnologias, compromissos internacionais de agricultura sustentável e desafios da segurança alimentar e da saúde.
A seguir, confira os principais insights dessa aula especial.
União para impulsionar o sistema agroalimentar
“O sistema alimentar tem uma chance de mostrar ao mundo e às partes econômicas que podemos trabalhar juntos e encontrar um terreno comum. Eu gostaria de ver nossa educação formar pessoas que unirão nosso mundo, assim como uniram nosso sistema alimentar.” A afirmação pertence ao professor Ray Goldberg, criador do conceito de agribusiness na Universidade de Harvard nos anos 50, que enfatiza a importância da multidisciplinariedade para aprimorar o sistema agroalimentar.
Foi a partir de um trecho de uma entrevista concedida por ele em 2020, que o debate dessa Aula ao Vivo teve início. Tejon ressaltou a necessidade de combater a polarização que, cada vez mais, divide o mundo na atualidade. “O sistema de alimento e energia, o sistema de cuidar do planeta, que gera essa riqueza, é o único que pode reunir o mundo”, afirmou, ao lembrar ainda do desafio global da nutrição.
Décio complementou: “os problemas do agro não são unidisciplinares. Atualmente, eles exigem uma visão ampla, que congregue conhecimento de especialidades diferentes. Temos aí uma janela interessante de oportunidades para novas gerações, saindo daquela formação tradicional que ocorria muito dentro das escolas de agronomia. Hoje, estamos numa escola de negócios onde há muitas competências para atuar no agro.”
Transformação na pecuária nacional
Um dos segmentos de maior destaque para o Brasil no agro, a pecuária nacional está preparada para se sustentar como potência mundial da proteína animal no futuro? Autor de livros sobre o tema, Ivan Wedekin responde. Parafraseando o escritor Theodore W. Schultz, ganhador do prêmio Nobel, ele acredita que estamos vivendo a transformação da pecuária tradicional. “Hoje, o Brasil já é o maior exportador mundial, o país que mais cresceu em exportação nos últimos 5 anos, mas a nossa pecuária passará ainda por uma transformação muito grande.”
O ex-secretário de política agrícola ressalta que o Brasil tem a possibilidade de desenvolver a integração lavoura-pecuária, um atributo que nenhum outro país apresenta na mesma escala, o que gera uma vantagem competitiva. “Essa transformação da pecuária acontecerá também pela entrada de novos players no mercado. Teremos produtores agrícolas entrando na pecuária - se faz soja na primeira safra, milho na segunda e, agora, você pode fazer uma terceira safra de boi. Nenhum outro país tem essa possibilidade e isso leva a um barateamento e aumento de competitividade no cenário internacional”, observou.
Agenda verde
Sede da COP 30, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, o Brasil precisará mostrar ao mundo sua agenda verde. E quando se trata do agronegócio, Tejon acredita que existe uma falha de comunicação. “O mundo não está mais na fase da conjunção ‘ou’, mas da conjunção ‘e’. O Brasil tem e é, efetivamente, uma agricultura na originação regenerativa sustentável e tropical, caso contrário, ela não existiria. O mundo pede isso, mas não usamos de uma maneira mais positiva”, avalia. Para ele, é preciso olhar além da demanda atual para identificar as oportunidades.
Diante disso, o aquecimento global, por exemplo, pode dar espaço a práticas, como agricultura regenerativa, rastreabilidade, carbono neutro, entre outras. Nesse aspecto, Decio crê que o país não é a “bola da vez”, mas pode trabalhar nessa direção. “Muitas vezes, colocam-se todos os holofotes sobre a agricultura. A visão de sistema agroindustrial de Ray Goldberg tem que ser trazida para esse tema. O problema tem que ser combatido com a visão do sistema agroindustrial, pois todos os atores são responsáveis, incluindo o consumidor. Países, estados e governos precisam apoiar essas mudanças. (...) O agricultor tem pagado a conta sozinho e isso torna o processo lento. Para que acelere, precisamos de políticas públicas focadas.”
Fortalecer a relação do tripé cadeia produtiva, entidades e governos é essencial para avançar nesse ponto, segundo Ivan. “O Brasil não é um continente, é um arquipélago de diferentes agriculturas. São diferentes narrativas, diferentes histórias e níveis de coordenação que precisam de um esforço grande das empresas. A proximidade com o cliente tem que ser exercitada e o papel do governo é de catalizar e facilitar as ações das empresas no mercado internacional”, defende.
Continue aprendendo com grandes especialistas
Os desafios abordados acima são apenas um recorte das ideias compartilhadas por esses grandes especialistas durante a Aula ao Vivo. Ao longo do ano, mais especialistas em diferentes áreas compartilharão suas experiências e visão de mercado com nossos alunos, em lives de grande impacto. Como aluno FIA Online, você tem acesso a espaços de interação exclusivos.
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