Empreendedorismo e gestão de negócios ganham destaque na série de sucesso The Bear, que traz ensinamentos cruciais para telespectadores atentos à trama. .
A série The Bear (ou O Urso, em português) é um dos maiores sucessos de público e crítica do momento. Além do primor técnico de roteiro, fotografia e atuação, a série chama a atenção ao retratar a realidade de um restaurante e os desafios que enfrentam os gestores de um negócio local.
Original da Hulu, a série conta a história de Carmy Berzatto, um chefe em ascensão em Nova Iorque que lidera a cozinha do Noma, um dos restaurantes mais conceituados do mundo.
A trama começa quando ele recebe a notícia que herdou uma lanchonete em Chicago, após a morte precoce do irmão mais velho. Então começa a sua jornada de reestruturar o lugar, lidar com o luto e seguir com o sonho da família de fazer o negócio dar certo.
Prestes a estrear sua terceira temporada no Brasil, The Bear avança na complexidade que é administrar o restaurante, equilibrar a vida pessoal e gerir pessoas e processos. Cenário que traz insights valiosos para o universo empresarial.
Separamos seis lições valiosas que gestores de empresas, pessoas e negócios podem tirar com um olhar atento aos acontecimentos de The Bear.
As 6 lições dadas por The Bear que destacamos hoje:
- Flexibilidade e adaptabilidade para gestão
- Liderança resiliente e trabalho em equipe
- Inteligência emocional no empreendedorismo
- Organização de processos
- Comunicação e gestão de crise
- Gestão financeira
Mudar exige esforço. Em The Bear, Carmy renuncia a sua posição em uma das maiores cozinhas do mundo para assumir uma lanchonete com muitas limitações. Ele sabe que terá que implementar uma série de mudanças na dinâmica de trabalho para melhorar (e salvar) o negócio da família.
Entretanto, o personagem se vê confrontado com uma série de obstáculos como orçamento, força de trabalho, fornecedores, instalações, equipamentos e Richard: o gerente do restaurante que é muito resistente à mudança – por apego, saudosismo e medo do processo.
A dinâmica dos dois personagens traz à tona uma série de habilidades necessárias para conduzir a empresa, tais como organização, sensatez, comunicação e processos.
Nesse sentido, destacam-se:
O pensamento sistêmico é uma maneira de entender todas as complexidades do ambiente, compreendendo visão holística, análise crítica e tomada de decisão.
Na série, a colaboração da equipe ajuda Carmy a avaliar que as inovações propostas por ele fazem sentido para o dia a dia da lanchonete.
Diferentes situações exigem diferentes estilos de liderança. No show, os líderes entram em conflito até compreenderem que existe um método para cada problema.
A partir daí, alternam sua liderança entre os modelos diretivo (supervisão estreita e treinamento de processos), orientador (suporte emocional e incentivador) e delegador (quando o líder delega a execução e responsabilidade dos resultados).
A relação entre os personagens em The Bear nos traz diversas lições sobre liderança resiliente e trabalho em equipe. A cada episódio, a série explora a vida pessoal dos funcionários e como suas particularidades se refletem no ambiente de trabalho.
A equipe é talentosa, porém começa o seriado acomodada, usa métodos ultrapassados e não colabora em momentos de pressão. Cabe a Carmy fazer a gestão das emoções, ouvi-los e posicioná-los nos cargos que se encaixam melhor.
As melhoras começam a surgir a partir de:
The Bear exemplifica como é essencial investir no treinamento da equipe para acompanhar o crescimento do empreendimento, realçar talentos e aumentar a produtividade.
Conforme o time se adapta aos novos processos da cozinha, a eficiência na gestão de tempo e ingredientes aumenta e a qualidade dos pratos é notada pelos clientes.
Conforme os gestores conversam sobre a equipe, percebem que podem potencializar o rendimento do time por meio da identificação de competências, através de dois conceitos:
- Competências técnicas: habilidades específicas relacionadas as tarefas do trabalho.
- Competências comportamentais: características pessoais e habilidades sociais que afetam a forma como a tarefa é realizada.
Uma iniciativa de Carmy é chamar todos os profissionais da cozinha de chefs. Ele percebe que seu time está pronto para a responsabilidade e merece essa injeção de confiança.
Em um ambiente de grande pressão como a cozinha, cada membro do time tem uma função essencial para a entrega do prato. No começo da sua jornada, Carmy tem dificuldades para reconhecer e trabalhar a prevenção de conflitos.
Um fator central para a harmonia do time é a comunicação eficiente. Quando ela é eficaz, incluindo feedback regular e reconhecimento, os colaboradores se motivam e sentem que o seu trabalho é valorizado.
Os altos e baixos de gerir um negócio são retratados com maestria no show. A série é um lembrete de que o sucesso não é alcançado apenas com renome, experiência e talento. Carmy precisa desenvolver uma série de softs skills como dedicação, gestão de tempo, persistência e organização.
É neste ponto que a maioria dos empreendedores se familiarizam com The Bear. A administração de um negócio nem sempre é divertida, mas a paixão e o propósito de continuar o legado da família mantém o protagonista na sua jornada.
Autoconsciência: reconhecer suas próprias emoções e como elas afetam seus pensamentos e comportamentos.
Autocontrole: gerenciar suas emoções de maneira saudável, especialmente em situações de pressão.
Motivação: manter-se motivado e resiliente diante de desafios, utilizando a paixão como força motriz.
Empatia: entender as emoções dos outros e construir relacionamentos saudáveis.
Habilidades Sociais: gerenciar relacionamentos para mover as pessoas na direção desejada, especialmente em ambientes de equipe.
Um dos momentos simbólicos de The Bear é o relógio digital na parede com a frase “Every Second Counts” (ou todo segundo conta). A série traça um paralelo do background dos personagens com o tempo de cozimento dos pratos, afinal cada preparo tem o seu processo.
Esse é mais um paralelo familiar aos empreendedores. Projetos sustentáveis geralmente contam com processos bem definidos, otimizando o tempo dedicado às tarefas. Isso permite que a gerência e os colaboradores encontrem tempo para olhar além das atividades imediatas, aumentando a percepção do trabalho realizado e identificando tanto os impactos positivos quanto as áreas que precisam de melhorias.
Se na série o restaurante usa o modelo de “Brigada Francesa” para hierarquia e organização, em empresas de forma mais ampla temos o Business Process Management – BPM, ou Gestão de Processos de Negócios.
Gestão de Processos de Negócios (BPM) é uma abordagem sistemática para tornar o fluxo de trabalho de uma organização mais eficaz, eficiente e adaptável às mudanças no ambiente de negócios. Contribui ativamente para redução de desperdícios de tempo e recursos.
O método conta com seis etapas: modelagem de processos, análise, desenho, implementação, monitoramento e controle e otimização contínua.
Por ser uma série dramática, The Bear foca nos conflitos comuns no ambiente da cozinha. As crises e imprevistos são frequentes, tanto relacionados à empresa quanto nas relações interpessoais da equipe. Geralmente, as tensões são geradas por fatores: resistência à mudança de processos, falta de liderança (ambas já descritas aqui) ou falta de comunicação eficaz.
Quando setores e pessoas não estão alinhados, a falta de comunicação pode resultar em pedidos errados, atrasos no serviço e uma experiência insatisfatória para clientes.
Transparência e clareza: manter a comunicação aberta e clara com todas as partes interessadas, incluindo funcionários, clientes, investidores e o público em geral.
Empatia: demonstrar interesse nas perspectivas e sentimentos dos outros. Fornecer feedbacks e manter o diálogo de maneira respeitosa e construtiva.
Escuta ativa: atenção plena e ouvir sem interromper quem está falando. Fazer perguntas, parafrasear e assegurar que a mensagem foi compreendida.
Treinamento e simulações: imprevistos acontecem, mas grande parte deles podem ser previstos ou mitigados. Realizar simulações, preparar a equipe e organizar os processos é um começo.
Identificação de riscos: avaliar quais possíveis ameaças podem desencadear uma crise, como manutenção de equipamentos, falhas tecnológicas, crises financeiras ou reformulação de equipe.
Plano de gestão de crise: definir as ações a serem tomadas para riscos mapeados antes, durante e após uma crise. Inclui procedimentos, recursos e responsabilidades para recuperação.
Crucial para a gestão de todo negócio. Em The Bear, Carmy está constantemente atento aos custos operacionais, empréstimos, preços de venda e à margem de lucro. Apesar da rotina caótica, tenta embasar suas decisões em dados para recuperar a dívida do restaurante.
O planejamento financeiro é um elemento central para sustentabilidade das empresas, e não pode ser negligenciado – mesmo que as lideranças estejam envolvidas nos processos cotidianos, como é o caso do chef no seriado.
Gestão de orçamento: levantamento detalhado para prever receitas e despesas. Isso ajuda a controlar gastos e planejar o investimento necessário para melhorias.
Previsão de fluxo de caixa: prognóstico de entradas e saídas de dinheiro para garantir que a empresa tenha liquidez suficiente para operar.
Controle de custos: acompanhamento de despesas em fixas (aluguéis, salários) e variáveis (matérias-primas, comissões) para melhor controle.
Precificação adequada: estudo do preço correto para produtos e serviços com base em custos e análise de mercado.
Diversificação de receitas: estudo de múltiplas fontes de receita para reduzir riscos.
Controle de endividamento: avaliação do nível de endividamento em um patamar saudável e administração do pagamento de dívidas.
Captação de recursos: identificação fontes de financiamento adequadas, como empréstimos bancários ou investidores.
A terceira temporada de The Bear está chegando ao Brasil, e logo estará disponível nos streamings da Star+ e Disney+. Assistir a série vai além entretenimento para empreendedores, é uma verdadeira fonte de aprendizado e inspiração para gestores de negócios, pois ela aborda pontos de identificação direta e rende lições valiosas que podem ser aplicadas diretamente na operação do seu negócio.
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