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Economia Donut: um modelo para repensar o crescimento no século XXI

Escrito por FIA ONLINE | 19 de Maio de 2023

Já ouviu falar em teoria do donut ou economia da rosquinha? Essas são algumas denominações do modelo econômico sustentável de Kate Raworth.

 

 

 

Quando a primeira onda de bloqueios causada pela pandemia afetava a população mundial, em 2020, a cidade de Amsterdã, na Holanda, anunciou a adoção de uma nova estratégia para reduzir os efeitos da crise: a Economia Donut.

 

Também conhecido como teoria do donut ou economia da rosquinha, o modelo foi criado por Kate Raworth, economista britânica, e detalhado no livro “Doughnut Economics: Seven Ways to Think Like a 21st-Century Economist” (2017).

 

Na obra, a autora propõe reformular o modelo econômico para o século XXI, buscando equilibrar a busca pela qualidade de vida e limitando o impacto no meio ambiente. Amsterdã adequou a abordagem à sua realidade, passando a usar o modelo para proporcionar qualidade de vida para toda a população, sem prejudicar o planeta.

 

Afinal, o que é Economia Donut?

 

Ao longo de seu livro, Kate Raworth observa que, por décadas, o ensino da economia reproduz os mesmos conceitos e teorias, buscando o crescimento desenfreado. E são esses modelos que conduzem sucessivamente o mundo a crises financeiras.

 

A Economia Donut, portanto, busca mudar isso. O objetivo é reformular os problemas econômicos, estabelecendo novas metas. Assim, considera os limites planetários na criação de um modelo de desenvolvimento mais equilibrado e menos suscetível a crises.

 

O nome “Donut”, como você pode ter imaginado, faz referência ao visual de uma rosquinha. A estrutura desenhada pela economista apresenta dois círculos, um dentro do outro.

 

O círculo interno representa o alicerce social, ou seja, os aspectos sociais necessários para manter as condições mínimas de qualidade de vida. Ele agrega questões como acesso a alimentos e água, moradia, energia, saúde, educação, equidade social, direito a voz política, justiça e oportunidades de trabalho e renda.

 

O círculo externo traz uma analogia às fronteiras planetárias. Enquanto trabalhou na organização sem fins lucrativos Oxfam, Kate conheceu o trabalho de um grupo de cientistas, que analisava um conjunto de fatores sem os quais se considera impossível viver na Terra.

 

É inspirado em um diagrama criado por eles que nasceu o círculo externo do modelo donut. Este representa o teto ecológico e está relacionado a questões como mudança climática, poluição do ar, perda de biodiversidade, destruição da camada de ozônio e acidificação dos oceanos.

 

 

7 maneiras de repensar a economia do século XXI

 

Mas antes de chegar ao diagrama em forma de rosquinha e propor um sistema que busca atender às necessidades da população sem esgotar os recursos do planeta, Kate analisou sete pontos que considera críticos na economia dominante.

 

Aqui resumimos cada um deles:

  1.  
  2. Mudar o objetivo

 

Por décadas, a economia manteve o PIB (Produto Interno Bruto) como medida básica para o progresso, o que, segundo Raworth, tem sido usado para justificar desigualdades extremas.

 

O conceito do Donut já traz consigo uma nova meta. O desafio é introduzir toda a humanidade no espaço seguro do Donut (entre o alicerce social e o teto ecológico).

  1.  
  2. Analisar o panorama geral

 

Raworth sugere um novo desenho da economia, que integre sociedade e natureza e explore o sol como fonte de energia.

  1.  
  2. Estimular a natureza humana

 

No século XX, criou-se o retrato do homem econômico racional como alguém egoísta, solitário, calculista, que domina a natureza.

 

Estimular a natureza humana, como seres sociais, interdependentes, próximos e dependentes da matéria orgânica, aumentaria as chances de garantir boa qualidade de vida a todos.

  1.  
  2. Compreender o funcionamento dos sistemas

 

Trazer o pensamento sistêmico para o centro da economia possibilitaria agregar novas percepções sobre o mercado financeiro e as desigualdades.

 

Nas palavras de Kate Raworth: "é hora de parar de procurar por ilusórias alavancas de controle da economia e começar a administrá-la como um sistema complexo sempre em evolução".

  1.  
  2. Projetar para distribuir

 

A desigualdade não é uma necessidade econômica, mas uma falha de projeto. Nesse sentido, é preciso reconhecer que é possível projetar economias mais distributivas do valor que geram.

  1.  
  2. Criar para regenerar

 

A teoria econômica adotada até o século XX tratava o meio ambiente "limpo" como acessível a poucos. Muitas vezes, sugeria que a poluição precisava acontecer antes de poder melhorar.

 

Para XXI, Raworth diz que é necessário buscar um pensamento econômico de concepção regenerativa para criar uma economia circular, que coloque as pessoas como participantes e corresponsáveis pelos processos que afetam a vida e o meio ambiente.

  1.  
  2. Ser agnóstico em relação ao crescimento

 

Espera-se que a trajetória do PIB seja sempre crescente, mas nada na natureza cresce para sempre. No lugar de economias que precisam crescer, gerando ou não prosperidade, Raworth defende o foco em economias voltadas a gerar prosperidade, cresçam elas ou não.

 

 

 

A visão de Kate sobre uma economia saudável também foi compartilhada na conferência Ted 2018. Vale reservar 15 minutos para assistir.

 

 

 

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