Especialista em comunicação e liderança e autor de livros sobre o tema, o jornalista ministrou a Aula ao Vivo FIA Online de maio.
Em tempos marcados por desavenças, opiniões polarizadas e intolerância, a habilidade comunicativa pode ser o caminho para construir um mundo melhor. A competência, que está entre as mais desejadas por empresas, foi tema da Aula ao Vivo FIA Online de maio, com o jornalista Mílton Jung.
Especialista em comunicação e liderança, âncora do Jornal da CBN e do Mundo Corporativo e palestrante, é autor dos livros "É proibido calar!” e "Comunicar para Liderar”. Neste ano, ao lado de António Sacavém, Leny Kyrillos e Thomas Brieu, lançou a obra “Escute, expresse e fale!”.
Na apresentação, que teve seu mais recente livro como inspiração, Mílton defendeu que uma comunicação efetiva e afetiva pode diminuir diferenças, aproximar pessoas, fortalecer vínculos, produzir debates saudáveis e trazer felicidade.
“A violência começa quando as palavras falham”, resumiu o convidado ao apontar uma de suas conclusões durante a pesquisa para o livro. Segundo Mílton, um consórcio de pesquisas de Harvard, realizado em 2006, identificou que pessoas que se comunicam mal sofrem e praticam mais violência.
“Ao não saber se comunicar, você pratica e sofre mais violência. Gera indisposição e não tem engajamento. Temos que saber nos comunicar para evitar a violência. Você pode promover a transformação. Não tem algoritmo ou chatGPT que o substitua. O ser humano continuará sendo essencial.”
A complexidade do cenário atual da comunicação e os desafios para dialogar também foram abordados pelo jornalista. Com palavras de referência ao psicólogo carioca Luiz Ernesto Meirelles, Mílton enfatizou que lidar com pessoas que agem e pensam diferente de nós pode ser desconfortável, porém é nesses momentos que crescemos.
“Se nos esforçarmos, vamos encontrar pontos em comum e, a partir daí, poderemos construir uma relação. E para isso, a escuta é essencial. A comunicação não começa na fala, ela começa na escuta”, pontou o jornalista.
A escutatória, conceito criado por Rubem Alves, é um elemento cada vez mais importante em um mundo acelerado. Mílton lembrou que é comum lideranças sentirem o isolamento e distanciamento de outras pessoas após assumirem cargos como o de CEO. O principal motivo para isso está na criação de barreiras de comunicação.
Somado a isso, é preciso lidar com o excesso de informação. Durante a pandemia, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, cunhou o termo ‘infodemia’ para definir a escala global da emergência interligada à alta propagação de informações.
Um dos efeitos desse excesso informacional é que uma redução na capacidade humana de absorver informações. E o mesmo acontece com a habilidade de analisá-las, o que contribui para a disseminação de informações falsas.
Para Mílton, é dever de todos, independentemente de ser comunicador ou não, preparar as pessoas ao seu redor para receber a informação, amenizando essa situação. “Nosso desafio é ser tão bom quanto o TikTok, quanto o Instagram ou qualquer rede social que você imaginar. Precisamos despertar o interesse no nosso público e atrair a atenção.”
Pesquisador sobre linguagem corporal, Albert Mehrabian analisou elementos que impactam na transmissão e no entendimento da mensagem, chegando à seguinte proporção:
Ou seja, para uma comunicação efetiva é necessário que estes recursos estejam sintonizados. Do contrário, a mensagem pode chegar distorcida para as pessoas. “O segredo é ser genuíno na presença e usar os três recursos de forma equilibrada.”
Entre os recursos fundamentais na comunicação de um líder, também deve estar o acolhimento. “Não basta escutar, precisa mostrar ao outro que está escutando. Comunicação é percepção. Nem sempre é o que eu digo, mas o que o outro entende.”
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